Já passava das 21h30 quando a empresa pediu ao público que entretanto já se tinha instalado que aguardasse mais uns quantos sobre a hora marcada para deixar entrar as centenas de pessoas que ainda se encontravam lá fora. Aguardou-se, e, cumpridas as cortesias, o espectáculo começou cerca das 22h sem a casa cheia, mas muito perto.
João Moura abriu as hostes frente a um exemplar de Romão Tenório que foi escasso de apresentação e muito escasso de transmissão. De nada valeu a recepção à porta gaiola nem a brega ajustada à cálida suavidade do «Murube» entre bons ferros, porque entre as bancadas para além de muitos a pedir música estalaram outros a contestar a lide. Ia jurar que vi o lenço branco do director Lourenço Lúzio a abanar freneticamente para a banda tocar mas (talvez me tenha enganado) a música não soou e terminou abruptamente entre a vontade do cavaleiro a pedir mais um e a determinação do director a negá-lo.
Por seu turno o Guiomar Cortes Moura que tocou a Joaquim Bastinhas veio de mais a menos e buscou tábuas ao terceiro curto, reservando-se. O cavaleiro vinha com disposição para impressionar e dos fulgorosos compridos de praça a praça, trocou para uma abordagem completamente diferente acometendo o toiro a sesgo, tudo numa actuação exuberante terminada com um par de bandarilhas.
António Brito Paes lidou o Conde Cabral que a empresa Aplaudir, a Santa Casa da Misericórdia e o público reconheceram como o mais bravo dos treze lidados em Santarém. Um toiro de maravilha, com brega a toda a praça, de nobreza e codícia difíceis de esquecer. A lide foi sobrada em classicismo e adorno com andamentos de alta escola com a valia de ter dado sempre a prioridade às investidas voluntariosas e prontas do oponente.
Paulo Jorge dos Santos andou com ritmo acertado e a transmitir às bancadas com uma lide bem construída e modulada ao oponente de Pontes Dias que lhe deu bom jogo. Com muito sentido de lide, comunicativo com o público e muito coerente entre a ortodoxia dos ferros, a brega e o adorno terminou ao sexto curto, subindo o timbre do adorno sem descurar o quarteio e reunião ao estribo.
O segundo comprido e o primeiro curto de Duarte Pinto hão-de ter sido dos melhores ferros do dia. Duas interpretações de cunho clássico com as distâncias e os tempos tão assertivos que fizeram ansiar por mais no resto da lide. “Queremos mais disto”! E se não houve tanto impacto nos restantes ferros da lide em Santarém porque que o Passanha se fechou sem colaborar, então teremos de ir ver noutro lado porque, realmente, vale a pena…
Miguel Moura actuava em último e depois de muitas horas de toiros. A “prova provada” que nunca está tudo visto foi mesmo ali! Recebeu o toiro sem peões de brega e arremessou uma lufada de ar fresco – levantou o público e agradou sobremaneira. Arriscando sacar a montada pelo piton de saída no último milímetro possível nos ferros ao câmbio, arriscou e colheu frutos de uma lide de grande entendimento com o cunho de Monforte ao décimo terceiro e último toiro da noite, colaborante e voluntarioso de Romão Tenório.
Pelos Amadores de Santarém pegaram João Grave e Ricardo Francisco à primeira tentativa e João Torres Vaz Freire à segunda.
Dos Amadores de Alcochete foram caras, Tomás Vale a consumar à segunda, João Gonçalves à primeira e Pedro Correia à segunda.
Seis euros para AJUDAR e ver duas grandes corridas… haverá melhor?
Sara Teles